Caridade por um fio

"- Bom dia, eu gostaria de falar com a responsável pela residência?
- Ela não está (enquanto minha mãe comprimia um riso e continuava a digitar no computador). Quem gostaria de falar?
- Aaaai, aqui é da Casa da criança feliz! Sabe, querida, é que nós estamos ligando pedindo apenas uma pequena colaboração de apenas cinco reais, sabe, querida?
- Acho que a dona da casa já ajuda algumas instituições. (E ajuda mesmo, Lar dos velhinhos, Boldrini entre outras)
- Mas nós estamos pedindo só cinco reais! Eu posso estar contando com a sua ajuda, querida?
- Ah.... não.
- Mas...
- Não, muito obrigada. Boa sorte!"

Na verdade, não sei o que me irrita mais nas atendentes de tele-marketing, as que ligam (sim, um por um) pra todos os números da lista telefônica pedindo quantias que apenas começam razoáveis: suas vozes melosas (aliás, será que é por isso que são quase todas mulheres?), seus lamentos quase miados (é incrível, quase consigo ver a expressão de 'gato do shrek' que elas fazem enquanto discursam longamente sobre a precária estrutura das instituições que representam), seus gerundismos ou sua irritante perseverança, que sinceramente é eficaz em me fazer sentir culpada.

Elas ligam normalmente de manhã, quando, presumem, as donas de casa (talvez nesse único horário que não estão ainda completamente envolvidas em suas pesadas rotinas) estão em casa, fazendo o que quer que seja, e quando não há dona de casa, sempre há aquela empregada meio surda devido ao prolongado uso do aspirador de pó, que diz "aham, sim, a dona da casa não está, acho que sim, não, não sei quando ela volta, não sei" e provavelmente acaba sendo levada por sua desatenção e pela quase malandragem da atendente a aceitar doar algo para o próximo mês.

Francamente, você já ouviu uma atendente dessas em ação? Elas são capazes de segurar os mais pacientes por minutos a fio, descrevendo os objetivos da instituição, a escassez de infra-estrutura e a necessidade constante das crianças, velhinhos, deficientes físicos ou mentais. Não estou dizendo com isso que elas estejam mentindo, só que a estratégia de "sensibilizar para receber a contribuição" é muito... não sei como descrever. Quase capitalista, entendem? É como a mídia de grande circulação, em sua maior parte: sensacionalizam tudo com um objetivo calculado de forma nada parecida com a sensibilidade com que nos falam.

E o mais importante: não aceitam "não" como resposta: inventei um nome para meu 'personagem' a fim de contornar essa cobrança e não ter de ouvir repetidamente o discurso decorado e entonado, quase lamuriando. Eu sou apenas a empregada, a Cacilda, e minha mãe tambem entrou 'na brincadeira': ela é a empregada Jacira. E o mais impressionante é que elas ligam todos os dias, no mesmo horário, ainda que eu tenha afirmado veementemente que a dona da casa está trabalhando até de noite. Não quero acreditar que ela esteja tentando "me pegar", sabem? Eu atender distraidamente o telefone.... e pronto. Lá estou eu sendo cativada a ajudar com uma pequena quantia a necessitada instituição X (estou sendo repetitiva de propósito. Viu como é irritante?).

De uma forma ou de outra, elas vão continuar ligando, e pedindo, e miando, sem que nós possamos fazer muita coisa para evitar. Podemos nos passar por outras pessoas, dizer que não podemos, que estamos de saída. Ainda assim, não há nada que nos proteja de, qualquer dia, sem maiores avisos, ser invadido pelo reconhecível discurso: "Meu nome é fulana... sou da casa da misericórdia..." . Incrível como a apelação começa no nome da instituição. E só termina (se é que termina, ao fim da chamada) até a ligação da manhã seguinte.

(dedicado à minha mãe, que é 'Jacira' pela manhã há mais de uma semana; inspirado pelo post do Antonio Prata)

Os diferentes... se completam.

Estou aqui, caros leitores (ou deveria dizer, caras moscas virtuais) para tratar de um assunto que é particularmente estimulante da minha região supra renal (isso significa que me deixa com muita, muita raiva). Estou falando dele, o temido em qualquer discussão, aquele intruso em nossa consciência que é quase tão incomodo quanto um defeito genético, aquele que juramos não ter, mas temos, de uma forma ou de outra: o preconceito.

Nós, como um povo inegavelmente concebido e desenvolvido quase numa orgia genética, sabemos muito bem que negros não são puramente negros. Isso também vale para os brancos.
Agora, eu PRECISO expressar minha mais absurda indignação quando vejo uma camiseta com as palavras: "100% negro" ou "Sou negro. O Brasil me deve dois milhoes de reais".

CAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALMA LÁ. COMO QUE É?

Antes de mais nada, quero dizer que não, eu não amo os negros. E não amo os brancos. E não amo os japoneses. E não amo os árabes. E não amo os gays. Não! E sabe porque? Porque a sua cor, a sua raça, a sua decendência, sua orientação sexual NÃO determinam em absoluto seu caráter e sua personalidade, e portanto, brancos, negros, gays, whatever, eu NÃO vou gostar de voce porque você é isto ou aquilo. Aliás, acredito piamente que, se mais pessoas pensassem assim, muitos conflitos (armados ou não) seriam evitados. Meu Deus, VIVA A DIFERENÇA!

E apesar de estar com receio de ser mal interpretada, quem foi que disse que EUZINHA, que mal tenho contas a pagar, devo grana pra um cara que nunca vi na vida? Dá vontade de perguntar: "BROW! Eu escravizei voce? Meu pai escravizou o seu?" Ah. Droga! Meus bizavós vieram pra ralar nas lavouras igualzinho eles. Infelizmente - e não tenho como mudar isso e não é dinheiro que vai mudar a história - ninguém perguntou aos negros se eles queriam vir pra cá. Mas que enfrentaram problemas parecidíssimos quando chegaram aqui, isso sim. Então, como muuuitos, muuuitos outros brasileiros que têm ascendência italiana (entre muuitas outras ascendências, como disse, é uma orgia), me isento absolutamente de qualquer faísca de sentimento de culpa que poderia emergir na minha consiência.

Ah, e também outra coisa: porque a cultura NEGRA, a música NEGRA, a consciência NEGRA são celebrados tão intensamente e nós, os brancos, temos que assistir à tudo, temos que adorar tudo, e ai de nós se fizermos UM comentário de reprovação, nem que seja estética, particular mesmo?

E só pra esclarecer uma coisa aos negros que andam por aí exibindo camisetas "100% negro" em seus peitos: se voce é brasileiro, infelizmente tenho que te decepcionar, porque voce não é cem por cento PORRA nenhuma. E eu, de pele branca, não sou cem por cento PORRA nenhuma. Aliás, todos nós, 181 milhoes de brasileiros, não somos cem por cento PORRA nenhuma! Por isso essas camisetinhas e comemorações me irritam tanto. Grr.

Ah... e agora: cotas para negros. O maior e mais IDIOTA incentivo ao preconceito racial; discorda? Seu pai deixa seu irmão mais novo sair e voce não, e ao tirar satisfação ele te diz "ah, ele pode porque é homem". Isso não te irrita? E se um negro (e, vamos colocar da maneira mais injusta ainda) rico e bem estudado entra na faculdade e você não, e quando vai tirar satisfação, voce ouve: "ah, ele entrou porque é negro!". Isso não vai te revoltar? Como assim, direitos iguais?!

Num país burro, com um presidente IMBECIL, é claro que não poderiam parar pra pensar porque os estudantes de baixa renda (e, reconheço, são em sua maioria negros) não conseguem passar nos vestibulares de universidades públicas. Eles criam cotas e aí está um perfeito REMENDO educacional. Afinal, pra quê melhorar a educação quando se pode criar cotas? Afinal, pra quê melhorar a educação quando se pode conseguir milhões de eleitores deixando a estes uma cesta básica na porta (quando há porta) de casa, com um santinho em cima? Pra quê dá-los um conhecimento que poderia fazê-los pensar que não precisam viver mais na miséria, que os ensinaria a escrever ("umas chatas de umas") cartas ao senhor presidente da república quando não tiverem água pra beber em suas torneiras? Afinal, PRA QUÊ, não é mesmo?

É claro que o presidente parou pra pensar nisso. Ele não é burro, apesar de ter cara e discurso de. Enquanto isso, raças igualmente miscelanadas expõem suas garras e gastam suas vozes (e seus dedos, como eu estou fazendo agora) defendendo cada um à sua maneira, sob seu ponto de vista, coisas que parecem opostas mas na verdade coincidem: o direito de batalhar para vencer na vida.



That's all for today, folks. Ah, e só pra deixar transparente: eu AMO hip hop, jazz, soul, blues e outras preciosidades que são típicas da cultura negra. E considero a pele negra uma pele muito bonita. Enfim. Boa noite.

Não corram o risco de perder os mais docinhos!

GoooodEvening.
Voces todos sabem que eu filosofo sempre que posso e sempre que acordo. De um saquinho de pipoca doce saiu uma dessas reflexões que martelam tão insistentemente que eu preciso, eu devo, eu nao aguento maaais... tenho q escrever. E voces, aih, meus caros amigos, é que pagam o pato.

Eu simplesmente acredito que a vida tenha que ser como comer pipoca doce. Tem aquelas muuuito docinhas que a gente adora e fica procurando sempre no saquinho, e outras meio molengas, que não passam de canjica disfarçada. Na vida, se a gente pudesse pegar só as 'pipocas docinhas', elas logo iriam se transformar em triviais, e não teriam mais graça pra gente, certo? A gente as tem aí e pronto. Agora, se o saquinho também fosse só daquelas canjicas ruins, nós nunca teríamos a oportunidade de sentir aquele gosto docinho... geladinho.... que tem a pipoca mais açucarada. Por isso é bom, mesmo, que no saquinho de pipoca da nossa vida, tenha umas molengas e aeradas.... pra gente, quando encontrar uma daquelas boas, saber apreciá-la como se fosse a última do saquinho. Isso também, pensando agora, vale para o amor (e o que passa na minha cabeça que nao tem a ver com o amor!?): aqueles caras BABACAS, que fazem você sofrer e te dão raiva de si mesma por ter confiado naquele... imbecil. É bom porque, a gente, talvez, quando encontrar aquele docinho, geladinho e raro... a gente perceba antes que ele desista. Ou, a gente perceba a tempo de correr atrás dele e agarrá-lo. Porque, afinal de contas... estamos no século XXI, né?!








... que vontade meu deu de comer "Vovozinha" :)
(alguém pegou a ironia?)

Ele está por aí... em algum lugar.

Após long, loong time, i'm back. E profundamente inspirada por um liiiindo filme :D Quero dizer, pra adiantar, se voce é do tipo "realista", que "sabe" que amor verdadeiro nao existe, que "sabe" que é tudo uma ilusão da sociedade burguesa, uma idealização inútil e mortal, que é perigosa e uma chave para isolar-se da sociedade...e bla bla bla bla... poupe-se. Este post é Walt Disney.

Aii, ai. Como eu adoro contos de fadas. Na verdade, se voce me conhecer, NUNCA dirá, pelo menos à primeira vista, que eu gosto tanto assim. Na verdade, a extravagância e o riso escandaloso podem enganar o observador menos atento, que jurará que eu sou como tantas outras, felizes, escandalosas e "realistas". Não acredito, na verdade, que seja caso de encarar a realidade. Afinal, é a mesma coisa que dizer "isso é normal" ou "isso não é normal". Ok, a realidade se vê. Mas, meu caro, TUDO é uma questão de COMO se vê, e não do QUE se vê. Meu professor de improvisação (sim, eu tenho aulas de improvisação) insiste tanto no COMO em detrimento do QUE e eu nunca fora capaz de entendê-lo... até agora. A realidade é a mesma para todos. Ou não. Dizem que todos fazemos nosso destino. Ah, é? Então porque estaríamos nós absolutamente incapacitados de mudar nossas realidades? Não estou falando de iludir-se perante um fato concreto, mas sim de mudar o que não está bom e ver (ou pelo menos tentar) as coisas pelo lado bom. Todo dia eu acordo e penso "Tudo nessa vida acontece a meu favor". Hey, isso não significa que tudo O QUE EU QUERO acontece. Mas, sim, se algo de ruim acontece, é porque algo de PIOR não aconteceu. Acredito e tenho muita fé que o universo gira a meu favor, sempre. Me dando o que eu quero...ou não! E conforme a fé nessa cumplicidade com a minha "realidade", as coisas que eu quero que aconteçam, magicamente acontecem com mais frequencia. E, se a vida é uma ilusão, porque não aproveitarmos dessa ilusão o melhor possível?? O que, afinal de contas, há de errado em ACREDITAR EM PRÍNCIPES ENCANTADOS?? Ele não existe? Como voce sabe? O da sua mãe, da sua irmã, da sua prima podem não existir. Mas e o meu? Você já viu todos os homens do mundo pra ter certeza? Não! Então, se o fato de eu dispensar caras dispensáveis (que, uma hora ou outra, me fariam sofrer) porque estou esperando aquele que realmente valha a pena te incomoda, olhe pra outro lado! Porque príncipes encantados existem, sim. Podem não vir no cavalo branco... até porque está meio fora de moda. E podem até peidar no sofá. (Ok, isso é inaceitável.) Mas aquele alguém que estremecemos ao encontrar, que fazem nossos olhos mergulharem nos deles... que dançam, cantam, riem e sonham com a gente... Que não fazem pouco caso de nossos problemas, que se ofendem se somos ofendidas, que têm paciência para nos ouvir e generosidade para ficarem felizes só com a nossa felicidade... e vice-versa... Isso tudo, meus caros... isso existe, sim. Aquele que nos faz querer que o mundo pare só para podermos contemplar eternamente... Aquele que nos causa arrepios e, quando o beijamos, sentimos aquela vontade de chorar que reprimimos com toda nossa força. O fato de eu acreditar nisso tudo me causa certos embaraços de quando em quando. As pessoas estão tão cravadas em suas próprias e duras realidades que não conseguem entender que nem só de infelicidade e miséria o mundo é feito. Não compreendem algo tão simples: que, se elas pensassem como eu, e fossem capazes de doar um pouco de amor (atenção, compreensão, que seja!) aos seus vizinhos, o mundo não seria tão duro e racional e selvagem. Entendem? Vocês estão aí, cheios de olhos de censura por eu acreditar em "bobagens tão ridículas". Mas eu é que os pergunto: não é isso o que, beeeem lá no fundo, voces todos nao acreditam? Talvez tenham reprimido porque se desiludiram. Talvez porque a "vida real" (PELO AMOR DE DEUS, alguém sabe definir "realidade" e "normal"???) os "acordou" para a "horrível" ilusão (sim, ilusão!) que é a vida? Gente... parem de ver Matrix. Não, assistam Matrix. Mas não se esqueçam, de quando em quando, de ver Cinderela. E, se pode ser sonhado, pode ser feito. Cara, foi o Walt Disney que disse isso. Quem é VOCE pra contrariá-lo?? E sim, até que me provem (e eu não faço idéia de como isso pode ser provado) que o príncipe encantado não existe... eu estarei esperando por ele. E ele por mim. Na verdade, é mais uma questão de acharmo-nos, entende?


E hoje, mais do que tudo, eu aprendi que "a gente atrai o que transmite".


Tenham ótimos sonhos :)

Não a esqueça como eu o fiz.

Ao som de "wear sunscreen". Boa noite.
(I know you have been hurt but I will be waiting to be there for you, and I'll be helping you out, wheneeever I can)

Galera, eu devo dizer uma coisa que está me atormentando incansavelmente, algo que tem me incomodado muito nos últimos trinta segundos: eu esqueci completamente o que ia dizer. Era simplesmente um assunto ótimo pra se tratar nesse canto cheio de coisas sem sentido, mas mesmo que eu esteja escrevendo aqui nesse momento nao consigo me livrar da sensação de frustração por ter esquecido de assunto tão conveniente para essa sexta feira santa. Aliás, eu pensei um pouco sobre a completa falta de sentido da mudança de data da morte de Jesus. Que fique registrado que eu tenho Deus como o brother mais brother de todos. O cara pra quem eu entreguei minha vida, minha sorte, e por aí vai. Enfim, ele morreu em um dia só, certo? Porque então todo ano muda, e de acordo com o carnaval?? Mas eu vi no jornal que é de acordo com o calendário solar... e mesmo assim não lembrei o que ia falar. Fuck. Tenho que escrever um relatório mas é pra Maio, relaxa. (precisava escrever isso antes que bloqueasse todo o meu pensamento)


Ahhhhhhh.

A honra!


É obvio.

Enfim. A honra.
As vezes quando penso na honra tenho a impressao de estar falando em alguma língua morta, como o sânscrito (é legal falar sânscrito em voz alta. Soa muito tradicional e difícil.) ou o latim. O que é, afinal, essa palavra que sempre significou tanto para a história mundial e, a não ser por uma pequena porção do povo oriental, perdeu sua importância para a esperteza e a malandragem? Porque deixamos ela escorrer por entre os dedos da sociedade que se diz tão moderna e, por conseguinte, melhor?

Na verdade, eu não tenho uma teoria sobre a diluição da honra. Mas é um fato para o qual eu gostaria de chamar muito a sua atenção, querido e paciente acompanhante dos meus delírios. A honra, segundo o dicionário do gúrgo (=google) significa "sentimento de nossa dignidade moral". Ok. E o que É a honra?
Na guerra, a honra significa morrer pelo seu país (de preferencia nao com uma bala na bunda). Nas européias, era manter-se firme e de pé enquanto o inimigo avançava malhando de tiros a tropa que esperava acabar a munição do rival para que então pudesse abrir fogo. Já na segunda guerra, acho que foi meio que o start pra coisa começar a desandar. Pra nós, ocidentais, porque até o fim da segunda guerra os japoneses (os famosos kamikaze) faziam tudo (MESMO) pelo seu país, o que eu considero extremamente admirável. Eu disse que a coisa desandou porque foi um tal de trincheiras, e de começar a rastejar pra desviar dos ataques inimigos que tornou a guerra uma situação de "soldado esperto". E a honra? Onde ficava?

Ser honrado é uma coisa muito complicada. Mesmo agora nessa digressão não consigo encontrar uma definição boa pra uma pessoa honrada. Acho que é a pessoa que conquistou seu respeito, que agiu desde sempre com seus princípios, que não se corrompeu em favor de algo maior. Mas aí eu penso: o que é "algo maior"? E se fosse um bem mundial, que valesse a 'perda da dignidade'. Aí acho que não seria perda da dignidade. Pelo contrário, corromper a própria dignidade em prol de algo absolutamente altruísta não é indigno. É... honroso.
Arriscar-se em favor do outro, ou de algo que 'lave' a reputação de sua família, amigo, país ou sua própria. Seguir seus princípios e, principalmente, seu coração. Buscar seus sonhos e lutar pelos seus ideais. Mesmo que, in the end of the day, voce não receba medalhas nem privilégios.

O "cabrruuumm" da alegria.

TêpÊême. Um dia no qual o termometro marcou quarentaetresfuckinggraus debaixo do sol. E eu, estressada. Só pra variar um pouco. Mas aí veio ela: a chuva.
Essa simples precipitação natural pertencente ao ciclo da água não é somente uma simples precipitação natural pertencente ao ciclo da água: é muito, muito mais. Tem gente que diz que fica triste em dias cinzentos, mas como?? Um céu cinzento não é colorido, mas nem tudo que tem cor é bonito; assim como nem todo fenomeno monocromatico é ruim. Aliás, o encanto da chuva começa muito antes de ela efetivamente começar.


Primeiro que, em dias que chove no fim da tarde, todo o dia antecedente é incrivelmente quente e o sol, ardido que só ele. Como se o sol estivesse nos cutucando, nos alertando: "não saia sem guarda-chuva, por mais aberto que o céu esteja". E não é lindo ver essas espetaculares, ainda que razoavelmente ameaçadoras, nuvens escuras, prometendo várias horas de barulhinhos deliciosos, ou braulhões amedrontadores? É lindo.
Porque não tem nada mais legal à noite do que ir deitar com esse reconfortante barulhinho que é a chuva batendo nas janelas. Com violencia ou sem. Tomar chuva, então! Maravilha.
A chuva rega as plantinhas, molha as toalhas esquecidas no quintal. Embala romances, incentiva ao gordo programa filme-com-pipoca-e-chocolate-e-refrigerante-e-ócio. Muito ócio. E muitos beijinhos de casais que se amam. Ou pelo menos acham :)
Dos solteiros (e dos comprometidos também), das crianças, dos adultos, dos velhos, dos doentes e dos saudáveis, dos otimistas e de todo mundo que acreditar: a chuva lava suas almas.
Muito boa chuva pra voces, porque daqui já ouço o barulho que anuncia a delícia da minha noite;








(Porque a gente tem mil ideias assim que pousa a cabeça no travesseiro e quando levanta não se lembra de nenhuminha??)

L'amour.

Lendo o blog da Camila Soares (um pouco de merchan pra essa garota F-O-D-A), eu tive um daqueles insights muito nervosos que me levam a escrever aqui. Na verdade, que me motivaram a criar esse humilde espaço de desabafos e brainstorms em geral. Ela escreveu sobre o amor.
E a pergunta que outrora revirara o estômago da minha momentânea fonte de inspiração passou a cutucar minha mente como aqueles chatos em sala de prova de vestibular que nao conseguem deixar a perna parada e ficam batendo irritantemente o pé na [PORRA DA] sua carteira. Sabe aquela coisa que não deixa voce se concentrar em mais nada?

Afinal... O QUE É AMOR?

Sem me aprofundar muito no desabafo... eu não sou a pessoa mais sortuda quando se trata de relacionamentos. Primeiro porque eu cresci ouvindo coisas do tipo "magrela", "lombriga", "paudevirartripa", "feiosa", "estranha" e afins. Esse tipo [adorável] de comportamento vindo de amiguinhos do sexo masculino durante meu crescimento se cristalizaram e, de uma terrível e infecciosa forma, dominaram minha auto-estima e minha auto-confiança. Irmã mais nova, estive sempre acostumada a perder jogos de toda a sorte pro meu irmão mais velho.. Não que ele seja culpado, nada disso. Só estou observando o quanto me acostumei a fracassar. Em todos os sentidos. Eu cresci. E descobri que garotos não são só "criaturas-nojentas-e-muito-porcas-que-merecem-morrer". Percebi que eles....podiam ser algo mais. Só que tive muuuita experiencias ruins com eles e, quando finalmente fiquei com o very first guy, não gostava dele. Ele era legal. E só. Os outros, desde então, vêm sendo igualmente pateticamente irrelevantes.

Se a Camila Soares (cujo blog é sensacional ;]) falou de amor de amiga, eu queria falar de amor de mulher e homem. E de mulher e mulher também, e de homem e homem idem. Porque todo mundo tem o direito de amar, seja lá quem (ou o que) for.

Minha breve historia no começo foi pra esclarecer que eu não sei o que é amar e qualquer menção a "amar" será mero chute. Na verdade, amar eu sei o que é, e provavelmente todo mundo vai amar alguém sem ser amado, antes de tudo. O mistério de toda a coisa, o que torna tudo (pra voces, pra mim nao) emocionante é a dúvida: será que ele me ama?

E, antes disso, tem aquela coisa há tempos perdida, que eu particularmente TANTO valorizo: o olhar.... e depois aquele susto quando pega na mão pela primeira vez... O primeiro contato. Entende? Hoje em dia, é chegar, fungar no pescoço e beijar logo-de-uma-vez. O amor, em sua essência, está irreversivelmente mutilado pelo mundo fast-food; os poucos remanescentes que ainda apreciam cada gotinha do "estar com alguém", sofrem.

Aliás... muito se faz e pouco se sabe sobre o "estar com alguém". Quão necessario é ter companhia pra sair de fim de semana? Será que desfrutar de uma companhia que não se agrada é melhor do que ficar quietinho em casa? Enfim, sem mais delongas. O que the hell é amor?

Como a Ana Carolina, acredito que "o amor é talvez uma coisa que nem sei se deve ser dita". Porque dizer "eu te amo" é tão fácil! três palavras, sete letras. Agora... quando se sente o amor, de verdade, essas três palavras custam tanto a sair, ficam tão angustiosamente (se é que essa palavra existe!) entaladas que normalmente não saem em forma de fonemas. E não precisam.

Acho que deve ser a imensa vontade de ficar junto. Sentir os tais arrepios, as tais borboletas no estômago, esperar a ligação colada no telefone, não ligar de ficar quinze horas falandosobrenada, é querer se fundir nessa pessoa. Às vezes, se é que os maiores de 18 me entendem... isso acontece :) E não só isso: cheirar, morder, socar, rir junto de uma palavra mal pronunciada e amassar o (pobre) travesseiro depois de uma briga, desejando que voces façam as pazes logo. É ter prazer em ir ao supermercado no quinto dia útil (lotadÍSSIMO), é ir no cinema pra ver o pior filme em cartaz, conversar sobre livros, esporte, eleição nos Estados Unidos, filmes, pobreza na África, softwares na Índia e depois rir do papo cabeça em plena sexta à noite no bar; é ver filme com o Johnny Depp e com o Brad Pitt e, ao olhar para o lado, sentir que esses "feios" nao têm a menor graça. Carlos Drummond disse que "ter um namorado mesmo, é muito difícil". E é. Não importa se depois vira casamento, porque não acredito em "marido e mulher".

Pra mim, o amor DE VERDADE a gente sente se estiver eternamente namorando.


Com ou sem aliança na mão esquerda.

O céu e o dilema.

Boa madrugada.

Eu realmente nao tenho mais nada pra fazer. E como o sono me falta e a confusão me consome, e eu não ajudo ouvindo as piores músicas pra se ouvir em momentos como o que eu estou passando, resolvi desabafar.
Eu passei na Unicamp. E, se por um milésimo de segundo, um sorriso de felicidade solidária rompeu pelo seu nobre semblante, querido leitor, voce esteve mais feliz com essa noticia do que eu. Não sei porque, honestamente. Talvez seja porque são duasdamanhãemponto. Pode ser. Mas enfrento nesse momento uma dúvida CRUEL: desistir antes de começar e ficar pensando "no que poderia ter acontecido" ou fazer, sem vontade, satisfazer a todos os meus amigos e familiares e esperar pelo melhor (que seria eu gostar realmente do curso). Agora, como fazer entender todas as pessoas que torceram por mim que meu sonho é SER ATRIZ, e NÃO (NÃÃÃÃO) fazer faculdade de artes cênicas? COMO FAZÊ-LAS ENTENDER? E nao entendo porque, se a julia roberts, a cameron diaz, o denzel washington o wagner moura, o lazaro ramos, a kate winslet e a meryl streep nao tiveram q fazer faculdade de artes cenicas pra serem o que sao, porque q EU tenho q fazer. Não entendo.

Desculpem o desabafo. Eh que isso tá muito entalado.

Agora, meu ponto hoje.
Venho em defesa do maior, mais admirável e menos valorizado por essa população ocupadíssima.

O céu.

Cara, o céu é a coisa mais linda que tem, meu.
Li um pedacinho do livro "A menina que roubava livros" e no começo, a morte diz algo como "o céu, durante um dia, é feito de uma infinidade de tonalidades". E concordo com ela. Se não nos ocupássemos tanto com tarefas que julgamos indispensáveis pras nossas vidas, teríamos mais tempo pra simplesmente contemplar o espetáculo que é o céu, mesmo quando o sol nao está nascendo ou se pondo. Aliás, só a grandeza azul, com ou sem nuvens, já é um show. Quem arrisca apontar algo mais bonito do que uma tempestade se aproximando? Ou quando vemos, na estrada, um pedaço de montanha na sombra porque uma nuvem está tapando o sol. Será que existem coisas VERDADEIRAMENTE mais importantes do que simplesmente, sentar e admirar?
Sabe, eu adoro tempestades. Quando vêm, quando vão, se ficam ou vão embora.

Ah sim. O que eu queria falar sobre o céu. Porque ele é tão ignorado?
Eu tenho uma teoria: o céu sofre do mesmo problema que muitas garotas lindas e desperdiçadas: o céu é ACESSÍVEL DEMAIS. Ele está lá pra nós, todos os dias, lindo, grande e sempre tentando nos agradar. E nós, com raras exceções, não damos a mínima pra ele. E uma hora, quando o perdermos, talvez percebamos o quanto lindo ele era e como se esforçava pra nos deixar inebriados. Galera, vamos dar um pouco mais de valor a essa grandiosidade natural que encanta a qualquer hora do dia :)

E o horizonte?
Alguém mais deixa o pensamento voar junto com a imagem magnificamente única de um horizonte? Quem também imagina o que tem por detrás da perfeitamente reta linha traçada divinamente? Quem deseja do fundo do coração ter saúde pra poder ir além desse horizonte, pra explorar, descobrir?
O horizonte mostra caminhos que só aquele realmente determinado em buscar seus destinos, seus mistérios, é capaz de trilhar.

Deleitem-se com o espetáculo que se chama natureza. Entreguem-se aos encantos que ela pode oferecer. De graça, e com o único pedido para que voce volte a visitá-la.

Boa noite. :}